Original English Article: On Anatta (No-Self), Emptiness, Maha and Ordinariness, and Spontaneous Perfection
Sobre Anatta (Não-Eu), Vacuidade, Maha
e Ordinariedade, e Perfeição Espontânea
Também ver: Os Sete Estágios de
Iluminação de Thusness/PasserBy
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Também ver:
- Dois Tipos de Contemplação Não-Dual após “EU SOU”
- Vazio +A e −A
(Última atualização: 14 de março de
2009)
Artigo escrito por: Thusness/PasserBy
Não sei porquê, mas ultimamente o tema
do anatta tem surgido repetidamente nos fóruns. Talvez as condições (yuan)
tenham amadurecido. :-) Vou apenas registar alguns pensamentos sobre as minhas
experiências de “não-eu”. Trata-se de um partilhar casual, sem pretensão de
autoridade.
As duas estrofes abaixo foram
essenciais para me conduzirem à experiência direta de não-eu. Embora pareçam
transmitir o mesmo acerca de anatta, meditar nestas duas estrofes pode gerar
dois discernimentos experienciais muito diferentes – um relacionado com o
aspeto de vacuidade e outro com o aspeto de luminosidade não-dual. Os insights
que emergem destas experiências são muitíssimo elucidativos, pois contradizem
profundamente a nossa compreensão habitual do que é a consciência.
Há pensamento, mas não pensador
Há audição, mas não ouvinte
Há visão, mas não observador
No pensar, apenas pensamentos
No ouvir, apenas sons
No ver, apenas formas, contornos e cores.
Antes de prosseguir, é absolutamente
crucial compreender que estas estrofes não podem ser corretamente entendidas
por inferência, dedução lógica ou indução. Não porque contenham algo místico ou
transcendente, mas simplesmente porque o tagarelar mental é «abordagem errada».
A técnica correta passa pelo vipáśyanā (vipassana) ou por qualquer modo de
observação direta e atenta que permita ver as coisas tal como são. Nota casual:
esse modo de conhecer torna-se natural quando o insight não-dual amadurece; antes
disso pode exigir algum «esforço».
Sobre a primeira estrofe
As duas experiências mais óbvias deste
vislumbre inicial da primeira estrofe são a ausência de autor-fazer (doer-ship)
e a compreensão direta da inexistência de um agente. Estas duas vivências
foram-me fundamentais para a fase 5 dos Sete Estágios de Insight.
- A ausência de autor-fazer que liga e coordena as
experiências.
Sem o «eu» que liga, os fenómenos
(pensamentos, sons, sensações, etc.) surgem como bolhas, flutuando e
manifestando-se livre, espontânea e ilimitadamente. Da ausência de autor-fazer
nasce também um profundo sentido de liberdade e transparência. Pode soar
irónico, mas é verdade na experiência. Não teremos a compreensão correta
enquanto mantivermos rigidamente a visão «inerente». É surpreendente como a
visão inerente nos impede de ver a liberdade como ausência de autor-fazer, a
interdependência e interligação, a luminosidade e a presença não-dual.
- A compreensão direta da inexistência de um agente.
Aqui há reconhecimento direto de que
«não há agente». Apenas um pensamento seguido de outro pensamento. Assim, é
sempre pensamento a observar pensamento, e não um observador que observa
pensamentos. Contudo, o núcleo desta realização inclina-se para uma experiência
libertadora espontânea e um vislumbre vago da natureza vazia dos fenómenos –
isto é, a transitoriedade destes fenómenos é como bolhas efémeras, nada
substancial ou sólido. Nesta fase não devemos confundir isto com uma
experiência exaustiva da natureza «vazia» dos fenómenos e da consciência,
embora haja a tentação de acreditar que sim. :-)
Dependendo das condições de cada
indivíduo, pode não ser óbvio que é “sempre pensamento a observar pensamento, e
não um observador a observar pensamentos” ou que “o observador é esse próprio
pensamento”. Porque este é o insight-chave — um passo que não pode falhar no
caminho da libertação — não resisto, com algum tom irreverente, a dizer:
Aos mestres que ensinaram:
“Deixa os pensamentos surgir e desaparecer,
Vê o espelho de fundo como perfeito e permanece
imperturbável.”
Com todo o respeito, limitaram-se a “deitar para fora” algo
bonito, mas iludido.
Pelo contrário:
Vê que não há ninguém por trás dos pensamentos.
Primeiro, um pensamento; depois, outro pensamento.
Com o aprofundar do insight revelar-se-á mais tarde:
Sempre apenas isto: Um Pensamento!
Não-surgido, luminoso e, contudo, vazio!
E este é todo o propósito de anatta:
ver a fundo que esse “fundo” não existe de facto. O que existe é um fluxo, ação
ou carma. Não há autor nem coisa feita; há apenas fazer. Não há meditador nem
meditação; apenas meditar. Do ponto de vista do desapego, “um observador a
observar pensamentos” cria a impressão de que um observador permite que os
pensamentos surjam e desapareçam mantendo-se incólume. Isto é ilusão; é
“agarrar” disfarçado de “largar”. Quando percebemos que jamais existiu um
fundo, a realidade apresenta-se como um único e total largar. Com a prática, a
“intenção” desvanece-se com o amadurecimento do insight, e o “fazer” passa a
ser experienciado gradualmente como mero acontecer espontâneo, como se o
universo executasse a ação. Com a ajuda de alguns apontamentos sobre a
originação dependente, podemos penetrar ainda mais e ver este acontecer como
pura expressão de tudo a interagir com tudo, emergindo. De facto, se não
reificarmos “universo”, fica apenas isso — uma expressão do surgir interdependente
que é exatamente adequado onde e quando quer que seja.
Compreendendo isto, a prática é simplesmente abrir-se ao
que é.
Pois este mero acontecer é exatamente adequado onde e
quando quer que seja.
Embora nenhum lugar possa chamar-se lar, em todo o lado é
lar.
Quando a experiência amadurece na
prática da grande facilidade,
a experiência é Maha! Grandiosa,
miraculosa e jubilosa.
Nas atividades mundanas de ver, comer,
saborear,
expressas poeticamente, é como se o
universo inteiro meditasse.
Tudo o que se diz e expressa são realmente sabores
diferentes
Deste tudo-de-tudo a originar-se dependentemente,
Como este instante de cintilação vívida.
Então torna-se claro que o fenómeno
transitório já está a acontecer de forma perfeita; desenrolando o que tem de se
desenrolar, manifestando o que tem de se manifestar e cessando quando chega a
hora. Não há problema neste acontecer transitório; o único problema é haver um
“espelho extra”, uma reificação alimentada pelo poder da mente de abstrair. O
espelho não é perfeito; a perfeição é o acontecer. O espelho só parece perfeito
a uma visão dualista e inerente.
A nossa visão profundamente arraigada
— inerente e dualista — personificou de forma muito subtil e inconsciente o
“aspeto luminoso” como observador, descartando o “aspeto de vacuidade” como
fenómeno transitório. O grande desafio da prática é ver claramente que
luminosidade e vacuidade são um e inseparáveis, nunca se tendo separado nem
podendo separar-se.
Sobre a segunda estrofe
Na segunda estrofe, o foco recai sobre
a vividez e pureza dos fenómenos transitórios. Pensamentos, sons e tudo o que é
transitório são indistinguíveis da Consciência. Não há cisão
experienciador–experiência, apenas uma experiência espontânea contínua que
surge como pensador/pensamentos, ouvinte/sons, sentidor/sensações e assim por
diante. Na audição, ouvinte e som são um só, indistinguíveis. Para quem conhece
a experiência “EU SOU”, aquele sentido puro de existência — a poderosa vivência
de presença que faz tudo parecer tão real — é inesquecível. Quando o fundo
desaparece, todos os fenómenos de primeiro plano revelam-se como Presença. É
como se estivesse naturalmente em modo “vipassânico” o tempo todo ou,
simplesmente, nu em consciência. Do silvo do computador à vibração do comboio em
movimento, até à sensação quando o pé toca o chão, todas estas vivências são
cristalinas, nada menos “EU SOU” do que “EU SOU”. A Presença permanece
plenamente presente; nada é negado. :-)
A divisão sujeito–objeto é mera suposição.
Por isso, alguém que renuncia e algo que é renunciado são
ilusão.
Quando o eu se torna cada vez mais transparente,
Da mesma forma os fenómenos tornam-se cada vez mais
luminosos.
Na completa transparência, tudo o que surge é pristinamente
claro.
Evidência por todo o lado, vivacidade em toda a parte!
Nessa altura torna-se patente que
apenas a visão dualista profundamente enraizada obscurece este facto
experiencial. Na experiência direta há apenas a clareza cristalina dos
fenómenos em manifestação. Quando esta experiência amadurece, corpo-mente
dissolvem-se em mera luminosidade não-dual e todos os fenómenos são
compreendidos experiencialmente como manifestação desta presença luminosa
não-dual — o insight-chave que conduz à realização de que “Tudo é Mente”.
Depois disto, evite-se a exaltação
excessiva; investigue-se mais fundo: exibirá esta luminosidade não-dual alguma
característica de natureza-própria que seja independente, imutável e
permanente? Um praticante pode ficar preso por bastante tempo solidificando,
sem saber, a presença não-dual. Tal corresponde a deixar marcas do “Um
espelho”, como descrito no estágio 4 dos meus Sete Estágios de Insight. Embora
a experiência seja não-dual, o insight da vacuidade ainda não está presente. A
ligação dualista afrouxou-se suficientemente, mas a visão “inerente” mantém-se
forte.
Quando o “sujeito” desaparece, a
experiência torna-se não-dual, mas esquecemo-nos do “objeto”. Quando o objeto é
também esvaziado, vemos o Dharmakāya. Veja-se claramente que, no caso do
“sujeito” que primeiro é penetrado, trata-se de um mero rótulo que agrega os
cinco agregados; porém, no nível seguinte a ser negado, é a própria Presença
que estamos a esvaziar — não um rótulo, mas a presença não-dual em si.
Praticantes budistas sinceros que
amadureceram o insight não-dual poderão interrogar-se: por que razão o Buda deu
tanta ênfase à originação dependente, se a presença não-dual fosse o estatuto
final? A experiência ainda é vedântica, mais “Brahman” do que “Śūnyatā”. Esta
“solidez da presença não-dual” tem de ser quebrada com a ajuda da originação
dependente e da vacuidade. Compreendendo isto, o praticante pode então avançar
para entender a natureza vazia (dependentemente originada) da presença
não-dual. É um refinar adicional da experiência de anatta, conforme a primeira
estrofe.
Quanto aos praticantes de
“EU-SOU-idade”, é muito comum, após o insight não-dual, permanecerem na
presença não-dual. Encontram deleite no “cortar lenha, carregar água” e no “a
primavera chega, a relva cresce por si”. Pouco mais se pode sublinhar; a
experiência parece mesmo final. Esperemos que surja yuan (condição) para que
reconheçam esta marca subtil que impede a visão.
Sobre Vacuidade
Se observarmos o pensamento e
perguntarmos de onde surge, como surge, qual a “forma” do pensamento, ele
revelará a sua natureza vazia — vívido, mas completamente ilocalizável. É muito
importante não inferir, pensar ou conceptualizar; antes, sentir com todo o ser
esta “inapreensibilidade” e “ilocalizabilidade”. Parece residir “algures”, mas
não há maneira de o localizar. É apenas uma impressão de “lá”, mas nunca “lá”.
De igual modo, “aqui-idade” e “agora-idade” são meras impressões formadas por
sensações, agregados de causas e condições, nada inerentemente “ali”; tão
vazias quanto a “eu-idade”.
Esta natureza inapreensível e
ilocalizável não é exclusiva do “pensamento”. Todas as experiências ou
sensações são assim — vívidas, mas insubstanciais, inapreensíveis, espontâneas,
ilocalizáveis.
Se observarmos uma flor vermelha, tão
vívida e nítida diante de nós, a “vermelhidão” parece “pertencer” à flor, mas
na verdade não é assim. A visão do vermelho não se manifesta em todas as
espécies animais (os cães não percebem cores), nem a “vermelhidão” é um
atributo inerente da mente. Se tivéssemos uma “visão quântica” para olhar a
estrutura atómica, igualmente não encontraríamos em parte alguma um atributo
“vermelho”: apenas espaço quase completo/vazio, sem formas ou contornos
percetíveis. Quaisquer aparências surgem dependentemente, e por isso estão
vazias de existência inerente ou atributos fixos, formas, contornos ou
“vermelhidão” — meramente luminosas e vazias, meras aparências sem existência
objetiva/intrínseca.
Do mesmo modo, quando estamos diante
de uma fogueira, todo o fenómeno “fogo”, o calor ardente, a sensação completa
de “quente”, tão vívidos e reais, mas examinados revelam-se também não
inerentemente “ali” — surgem apenas dependentemente quando as condições estão
reunidas. É surpreendente como as visões dualista e inerente aprisionam a
experiência contínua num constructo quem-onde-quando.
Todas as experiências são vazias. São
como flores no céu, como pinturas na superfície de um lago. Não há maneira de
apontar para um momento de experiência e dizer “isto está ‘dentro’ e aquilo
‘fora’”. Todo o “dentro” é tão “fora”; para a consciência, a experiência
contínua é tudo o que há. Não é o espelho ou o lago que são importantes, mas
esse processo de fenómeno ilusório — a tinta a cintilar na superfície da água;
como uma ilusão mas não ilusão, como um sonho mas não sonho. Este é o terreno
de todas as experiências.
Contudo, essa natureza “inapreensível
e ilocalizável” não é tudo; há também este Maha, este grande sentimento sem
fronteiras de “interconectividade”. Quando alguém faz soar um sino, a pessoa, a
vara, o sino, a vibração do ar, os ouvidos e o aparecimento mágico do som —
Tongsss… re-soando… — constituem um único acontecer, uma única experiência. Ao
respirar, é simplesmente este fôlego inteiro; são todas as causas e condições a
reunirem-se para dar origem a toda esta sensação de respirar, como se o universo
inteiro estivesse a respirar. A importância desta experiência Maha não cabe em
palavras; na minha opinião, sem ela não há verdadeira vivência de
interconectividade, e a presença não-dual fica incompleta.
A experiência da nossa natureza vazia
é muito diferente da união não-dual. A “distância”, por exemplo, é superada na
união não-dual ao ver-se o caráter ilusório da divisão sujeito/objeto,
resultando numa única presença não-dual. Já experienciar a Vacuidade rompe as
fronteiras graças à sua natureza vazia, inapreensível e ilocalizável.
Não há necessidade de um “onde-lugar”, nem de um
“quando-tempo”, nem de um “quem-eu” quando penetramos profundamente nesta
natureza.
Ao ouvir o som, o som não está “aqui dentro” nem “lá fora”;
está onde está… e já desapareceu!
Todos os centros e pontos de referência dissolvem-se com a
sabedoria de que a manifestação surge dependentemente e, portanto, é vazia.
A experiência cria uma sensação de “sempre correto onde e
quando quer que seja”.
Uma sensação de lar em toda a parte, embora nenhum lugar
possa chamar-se lar.
Ao experienciar a natureza vazia da presença, um praticante
sincero reconhece que, de fato, a presença não-dual deixa uma marca subtil;
vendo-a como vazia, essa última marca que solidifica a experiência dissolve-se.
Sente-se fresco, pois a presença torna-se ainda mais presente e sem esforço.
Passamos então de “presença vívida não-dual” a “embora
vívida e não-dual, não é nada real, é vazia!”.
Sobre Maha e Ordinariedade
A experiência Maha pode soar como se
se perseguisse um certo tipo de vivência e parecer contradizer a “ordinariedade
do esclarecimento” promovida no Zen. Não é o caso; na verdade, sem esta
experiência, a não-dualidade fica incompleta. Esta secção não apresenta o Maha
como um “estágio a alcançar”, mas sim para mostrar que a Śūnyatā é, por
natureza, Maha. Em Maha, não se sente um eu; sente-se o universo. Não se sente
“Brahman”, mas interconectividade; não se sente “impotência” devido a
dependência e interligação, mas grandeza sem fronteiras, espontaneidade e
maravilha. Voltemos, porém, à ordinariedade.
A ordinariedade sempre foi ponto forte
do Taoismo. No Zen também vemos a importância disto, ilustrada em modelos de
despertar como os Cinco Postos de Tozan ou os Dez Quadros do Pastoreio do Boi.
Contudo, a ordinariedade deve apenas ser compreendida como o facto de que a
não-dualidade e o mundo Maha da talidade nada têm de além. Não há reino
separado a alcançar; o que se requer é trazer esta experiência primordial,
original e imaculada de não-dualidade e Maha para as atividades mais comuns. Se
tal experiência não for encontrada nos atos mais mundanos e corriqueiros, então
o praticante não amadureceu a sua compreensão nem a sua prática.
Antes, a experiência Maha surgia
apenas como ocorrência rara no estado natural e era tratada como algo
transitório que vem e vai. Induzir essa experiência frequentemente implicava
concentrar-se repetidamente numa tarefa por um curto período, por exemplo:
- Respirar dentro e fora, dentro e fora… até que reste
simplesmente toda a sensação da respiração, apenas a respiração como todas
as causas e condições a convergirem neste momento de manifestação.
- Focar na sensação do passo, a dureza ao tocar o chão…
até que reste simplesmente toda a sensação “dureza”, como todas as causas
e condições a convergirem neste instante.
- Concentrar-se no som quando alguém bate num sino — a
vara, o sino, a vibração do ar, os ouvidos — tudo a convergir para que
surja esta sensação sonora. Obtemos a experiência Maha.
Contudo, desde que integrei o ensino
da originação dependente na presença não-dual, ao longo dos anos esta
experiência tornou-se mais “acessível”, mas nunca tinha sido compreendida como
estado de base. Parece haver uma relação previsível entre ver a originação
dependente e vacuidade e a experiência da presença não-dual.
Há uma semana, a experiência Maha
clara surgiu e tornou-se quase sem esforço e, ao mesmo tempo, houve uma
realização direta de que também é um estado natural. Em Śūnyatā, Maha é natural
e deve ser plenamente integrado no caminho de experienciar o que quer que
surja. Contudo, Maha como estado de base requer o amadurecimento da experiência
não-dual; não podemos sentir plenamente a interconectividade de tudo a surgir
espontaneamente como esta manifestação vívida com a mente dividida.
O universo é este pensamento que surge.
O universo é este som que surge.
Apenas este magnífico surgir!
É o Tao.
Homenagem a todo o surgir.
Sobre a Perfeição Espontânea
Por fim, quando estas duas
experiências se interpenetram, o que realmente se exige é simplesmente
experienciar o que quer que surja aberta e des-reservadamente. Pode soar
simples, mas não subestimem este caminho simples; mesmo vidas de éons de
prática não tocam a profundidade da sua profundeza.
Na verdade, em todas as subsecções —
“Sobre a Estrofe Um”, “Sobre a Estrofe Dois”, “Sobre Vacuidade” — já há certa
ênfase no modo natural. Quanto a esse modo natural, devo dizer que a presença
espontânea e experimentar o que quer que surja abertamente, sem reservas nem
medo, não é “caminho” exclusivo de qualquer tradição ou religião — seja Zen,
Mahāmudrā, Dzogchen, Advaita, Taoismo ou Budismo. De facto, o caminho natural é
o Tao, mas o Taoismo não pode reivindicar monopólio sobre ele só por ter
história mais longa. A minha experiência mostra que qualquer praticante
sincero, após amadurecer as vivências não-duais, acabará por chegar
automaticamente e naturalmente a este modo. Está “no sangue”; não há outro
caminho senão o natural.
Isto dito, o caminho natural e
espontâneo é frequentemente mal-representado. Não deve ser tomado como
significando que não é preciso fazer nada, ou que a prática é desnecessária.
Pelo contrário, é o insight mais profundo de um praticante que, após ciclos de
refinar a compreensão sobre anatta, vacuidade e originação dependente, percebe
súbita e claramente que anatta é um selo e que luminosidade não-dual e
vacuidade sempre foram o “solo” de todas as experiências. A prática então muda
do modo “concentrativo” para o modo “sem esforço”, e para isso requer a
completa permeação dos insights de não-dualidade e vacuidade em todo o ser, tal
como as “visões dualista e inerente” haviam invadido a consciência.
Em todo o caso, há que ter cuidado
para não transformar a nossa natureza vazia e luminosa numa essência
metafísica. Termino com um comentário que escrevi noutro blogue, Luminous
Emptiness, pois resume bem o que aqui expus:
O grau de “não-artificialidade”
É o grau em que nos abrimos, sem reservas nem medo, ao que
for.
Pois tudo o que surge é mente: sempre visto, ouvido,
provado, experienciado.
O que não é visto, ouvido ou experienciado
É a nossa ideia conceptual de mente.
Sempre que objetivamos o “brilho, a pureza” como entidade
informe,
Ele torna-se objeto de apego que impede ver as “formas”,
A textura e o tecido da consciência.
A tendência de objetivar é subtil:
Largamos a “eu-idade”, mas inadvertidamente agarramos
“agora-idade” e “aqui-idade”.
Tudo o que surge origina-se dependentemente, sem
necessidade de quem, onde ou quando.
Todas as experiências são iguais — luminosas e contudo
vazias de natureza própria.
Embora vazias, em nada negam a sua vívida luminosidade.
Libertação é experienciar a mente tal como é.
Autor-libertação é o insight cabal de que esta libertação é
sempre e já é;
Presente espontaneamente, naturalmente perfeita!
P.S.: Não devemos tratar o insight da vacuidade
como “superior” ao da luminosidade não-dual. São apenas insights diferentes que
surgem consoante as condições. Para alguns praticantes, a compreensão da nossa
natureza vazia surge antes da luminosidade não-dual.
Para um entendimento conceptual mais
detalhado da Vacuidade, leia o artigo “Non-Dual Emptiness” de Dr. Greg Goode.
Atualização 2020 por Soh:
Algumas citações relacionadas com este
artigo
“Para mim, a estrofe de anatta continua a ser o melhor
gatilho… lol.
Permite-nos ver claramente que anatta é o estado natural.
Sempre foi e sem esforço algum.
Mostra ‘como a ignorância’ cega e cria conceitos erróneos
de separação e substancialidade daquilo a que chamamos ‘coisas e fenómenos’.
E perceber que toda a visão aponta para esta verdade de
anatta, de cima a baixo, explicando como a mente confunde e toma a existência
convencional por verdadeira e real. Originação dependente e vacuidade são a
jangada que balança e neutraliza todas as convencionalidades criadas pela
mente, para que a mente possa repousar em natural facilidade e equilíbrio,
vendo todo o surgir como espontaneamente perfeito.”
— John Tan, 2019
“O insight de que ‘anatta’ é um selo e não um estágio tem
de surgir para se avançar para o modo ‘sem esforço’. Ou seja, anatta é o solo
de todas as experiências, sempre foi assim, não há ‘eu’. No ver, sempre apenas
visto; no ouvir, sempre apenas som; no pensar, sempre apenas pensamentos. Não é
preciso esforço, e nunca houve ‘eu’.”
— John Tan, 2009
“É preciso contemplar anatta corretamente, como indicado em
http://awakeningtoreality.blogspot.com/2019/09/robert-dominiks-breakthrough.html
(ver anatta como selo do dharma em vez de mero estado de ausência-de-mente).”
— Soh, 2020
“Sem rompimento cabal de ambas as estrofes de anatta, 1 e
2, não há realização clara de anatta segundo a definição de AtR. Embora a
segunda me fosse mais evidente no avanço inicial de outubro de 2010, a primeira
estrofe tornou-se logo mais clara nos meses seguintes, dissolvendo
enraizamentos adicionais, incluindo um enraizamento muito subtil num
Aqui/Agora, assim como qualquer referência subtil remanescente à Mente (embora
isso já estivesse em grande parte dissolvido; uma tendência muito subtil e não
vista foi vista e dissolvida depois).”
— Soh, 2020
New Translation
TD Unmanifest
3 h ·
Descobri, na minha prática, que
esvaziar o sujeito é “mais fácil” do que esvaziar o objeto. Portanto, na
terminologia AtR, corresponde a trabalhar a primeira estrofe em vez da segunda.
Esvaziar os agregados (skandhas) e
dhātus tem sido muito útil para aprofundar o insight na realização de anatta.
Trabalho para erradicar propensões cármicas no residual “eu”, “meu”, “mim”.
No entanto, estou curioso acerca de
práticas que ajudem no mesmo tipo de penetração do objeto, relacionadas com a
segunda estrofe e a Presença, DO (Dependent Origination) e vacuidade até à
exertion total.
4 Comentários
Comentários
Soh Wei Yu
(ícone de crachá)
Ambas as estrofes de anatta tratam de
anatta, não da vacuidade dos agregados.
1
TD Unmanifest
Ah, interpretei esta secção — relativa
à segunda estrofe — como focada nos agregados e objetos:
“Quando o sujeito desaparece, a experiência torna-se
não-dual, mas esquecemo-nos do objeto.
Quando o objeto é ainda mais esvaziado, vemos o Dharmakaya.
Vê claramente que, no caso do ‘sujeito’ primeiro penetrado,
é um mero rótulo que agrega os 5 agregados, mas para o nível seguinte a ser
negado, é a Presença que estamos a esvaziar — não um rótulo, mas a própria
presença não-dual por natureza.”
Isto avançou muito bem no aprofundar
de anatta, mas eu contemplava da perspetiva objetos versus sujeito. Assim,
self/Self continua a não se encontrar em parte alguma, sempre já assim. Os
objetos da consciência podem parecer “reais”, enquanto o self claramente não,
apenas agregados, etc.
· Responder
· 1 h
Soh Wei Yu
Isso é um lembrete para aplicar o
insight de não-eu a todos os fenómenos.
As duas estrofes visam a ilusão de
self/Self. Mas depois deve aplicar-se a todos os fenómenos para realizar a
dupla vacuidade. Tal como o insight de não haver vento além do soprar
(https://awakeningtoreality.blogspot.com/2018/08/the-wind-is-blowing.html) deve
então aplicar-se a todos os fenómenos, incluindo movimento, etc.
Em 2011:
“Estou a dizer que a primeira e a segunda estrofe têm de
andar de mãos dadas para haver verdadeiro insight de anatta, mesmo de início.
É necessário ter estes 2 aspetos de insight em anatta.
Então, o que é anatta? Significa que, quando penetras sem-agente, desenvolves
efetivamente insight direto. Não se reifica nada extra. É insight direto na
talidade.
Assim, quando vês ‘Self’, não há nada além de agregados.
Quando vês ‘tempo’, não há nada além de nuvens que mudam, chuva… quando vês
‘corpo’, vês sensação em mudança. Quando ouves som, vês o DO [originação
dependente]; então vês como a dupla vacuidade é simplesmente um insight e
porque leva a 一合相 (yi he xiang; uma totalidade/compósito de aparência). Se
não houver insight mas apego às palavras, perdes a essência. Isto é: ganhar
insight nas 2 estrofes não é pensar apenas no ‘Self’.”
— John Tan, 2011
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· 6 m
Soh Wei Yu
(ícone de crachá)
[10:03 PM, 27/7/2020] John Tan: Para
mim, sujeito-ação-objeto é apenas uma estrutura para ajudar a articular e dar
sentido ao mundo. Não o vejo assim. Vejo-o como exertion total de
condições-aparência, não aparência e condições.
[10:10 PM, 27/7/2020] Soh Wei Yu:
Estás a referir-te ao TD Unmanifest?
[10:47 PM, 27/7/2020] John Tan: Sim.
[10:49 PM, 27/7/2020] John Tan: Se vês
objeto separado do sujeito ou fenómenos aparte da mente, por mais que
desconstruas, é apenas conhecimento. Não terás gosto direto de nada.
[10:52 PM, 27/7/2020] Soh Wei Yu: Mas
nem todas as condições aparecem, algumas são apenas intuídas ou inferidas mesmo
quando não vistas… portanto são meramente convencionais.
[10:53 PM, 27/7/2020] John Tan: Claro,
não há maneira de conhecer todas as condições envolvidas.
[10:54 PM, 27/7/2020] John Tan: É
simplesmente dizer que a aparência não surge sozinha.
[10:56 PM, 27/7/2020] John Tan: Há
também a experiência de espaçosidade quando passas pelo processo de
desconstruir sujeito e objeto… a experiência é como soltar mente-corpo.
[11:04 PM, 27/7/2020] John Tan: Quando
dizes “o carro é vazio mas estás sentado dentro dele”… o que queres dizer?
[11:05 PM, 27/7/2020] John Tan: É o
mesmo que “não há vento a soprar”…
[11:05 PM, 27/7/2020] John Tan: Ou
relâmpago a faiscar.
[11:07 PM, 27/7/2020] John Tan: Ou a
primavera vai, o verão vem…
[11:09 PM, 27/7/2020] John Tan:
Significa aplicar o mesmo insight a tudo.
[11:09 PM, 27/7/2020] John Tan: Não
apenas ao self…
[11:10 PM, 27/7/2020] John Tan: Mesmo
ao movimento.
[11:13 PM, 27/7/2020] John Tan: Assim
a tua mente está perpetuamente a ver através dos constructos; então o que
acontece?
[11:16 PM, 27/7/2020] John Tan:
Diz-me, quando dizes “o carro é vazio mas estou sentado nele”, vês através do
constructo, então o que acontece?
[11:16 PM, 27/7/2020] John Tan: Quando
vês através do vento que sopra… o que acontece?
[11:16 PM, 27/7/2020] John Tan: Quando
vês através do verão ou do tempo? O que acontece?
[11:17 PM, 27/7/2020] John Tan: Ou eu
digo “relâmpago a faiscar”; quando realmente vês através desse relâmpago…
[11:19 PM, 27/7/2020] Soh Wei Yu: É
apenas a mera aparência… sem reificações.
[11:19 PM, 27/7/2020] John Tan: Não
penses, experiencia…
[11:19 PM, 27/7/2020] John Tan: és
forçado à não-conceptualidade.
[11:21 PM, 27/7/2020] John Tan: Como a
experiência PCE… muito atento e vigilante quando começas… começas a sentir o
sopro… correto…
[11:21 PM, 27/7/2020] John Tan: Quando
digo “não há relâmpago a faiscar”… olhas para o faiscar.
[11:24 PM, 27/7/2020] John Tan:
Correto? Tens realmente praticado ou prestado atenção, ou apenas soltas uma
frase…
[11:25 PM, 27/7/2020] John Tan: Quando
dizes “não há verão”, estás a experienciar o calor, a humidade… etc.
[11:26 PM, 27/7/2020] John Tan:
Significa ver através do constructo, mas não podes apenas pensar.
[11:27 PM, 27/7/2020] John Tan: Quando
digo “não há carro”, toco o carro… o que é… a cor… o couro, as rodas…
[11:28 PM, 27/7/2020] John Tan: Se
permaneces constante e perpetuamente nisso… o que acontece?
[11:34 PM, 27/7/2020] John Tan: Estás
a falar de desconstrução de objeto e fenómeno e eu digo-te: se vês através, o
que acontece? …se apenas pensas, não vais entender…
[11:38 PM, 27/7/2020] Soh Wei Yu: tudo
é apenas presença espontânea vibrante, sem sujeito nem objeto.
[11:39 PM, 27/7/2020] Soh Wei Yu: não
vejo objetos sólidos, mas sim cores vibrantes cintilantes como presença vazia
vívida.
[11:39 PM, 27/7/2020] Soh Wei Yu: e
sons, sensações, etc.
[11:41 PM, 27/7/2020] John Tan: Sim.
[11:42 PM, 27/7/2020] John Tan: Depois
depende da profundidade de experimentar as sensações ou aparências em si.
TD Unmanifest
Isto é muito útil; obrigado. Acabei de
regressar de uma caminhada e usei estas orientações para sentir o que está a
ser apontado. Eu estava demasiado focado na desconstrução de objetos vs
sentir/ver a vivacidade direta. Muito obrigado, Soh — e, por favor, transmite
os meus agradecimentos a John Tan.
1
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· 3 m
*“O svabhāva é como a entidade-núcleo que possui
características. Tal como um poste telefónico possui a característica de ser
alto, cilíndrico, feito de madeira, castanho, e assim por diante. Perceber
svabhāva é perceber o poste como entidade, algo que detém essas
características.
Realizar a vacuidade é o reconhecimento experiencial de que
não há entidade que possua essas características; há apenas as características
e, sem entidade no núcleo, essas características deixam de ser características.
Não há entidade ali, nenhum objeto que permaneça à distância ou num local.
Vacuidade é, de facto, a inexistência de svabhāva, mas não
é uma verdadeira inexistência como a mencionada na segunda posição da tetralema
catuṣkoṭi. É a realização de que nunca, em momento algum, houve uma entidade
desde o princípio.
É inexistência? De certo modo, pois não se encontra
entidade existente, e a entidade sempre foi uma falácia. Mas como algo que
nunca surgiu inicialmente pode realmente carecer de existência? É assim que se
estabelece a liberdade dos extremos.”
— Kyle Dixon, 2022
Kyle Dixon escreveu:
“O caminho do meio é na verdade uma liberdade perante os
equívocos de existência e inexistência. Sustentar que as coisas existem — sejam
fenómenos condicionados ou incondicionados — é eternalismo; sustentar que as
coisas não existem — condicionadas ou incondicionadas — é niilismo.
Aniquilacionismo é a crença de que algo existente se torna inexistente.
A maneira de evitar estes vários extremos é a vacuidade,
que significa (i) falta de existência inerente, (ii) liberdade de extremos,
(iii) falta de surgimento [não-surgimento], (iv) co-originação dependente.
Todas estas definições são sinónimas.
A originação dependente é a visão relativa correta que
conduz à realização da visão última, que é a vacuidade. Muitas pessoas entendem
mal a vacuidade como visão negativa, mas ela é de facto a visão correta do
meio, que evita os extremos de existência, inexistência, ambos e nenhum.
Em suma, não há realmente forma de explicar isto como a
crianças de cinco anos (ELI5); terás simplesmente de colocar perguntas. É
simples uma vez compreendido, mas pouquíssima gente de facto entende a
originação dependente.
Segue-se uma coleção de coisas que escrevi há algum tempo
sobre originação dependente para fins de discussão:
a definição geral de originação independente, a própria
ideia de que as coisas estão dotadas do seu próprio-ser/essência [svabhāva] ou
“eu” [ātman]. Para que algo se originasse independentemente teria de ser
incondicionado, independente e não causado, mas isto é considerado impossível
aos olhos do Budismo… (texto completo mantido, ver Apêndice).”
Soh citou em resposta a uma pergunta
“De acordo com a visão do meio, Tsongkhapa cita o
Yuktiṣaṣṭika de Nāgārjuna e o Yuktiṣaṣṭika-vṛtti de Candrakīrti.
Nāgārjuna:
Aquilo que surge em dependência não nasce;
tal é proclamado pelo supremo conhecedor da realidade (o
Buda).
Candrakīrti:
(O realista objeta:) Se (como dizes) o que quer que surja
em dependência nem sequer nasce, então por que razão o (Madhyamika) diz que não
nasce? Mas se tens uma razão para dizer que (essa coisa) não nasce, então não
deverias dizer que “surge em dependência”. Portanto, devido à inconsistência
mútua, (o que disseste) não é válido.
(O Madhyamika responde com interjeição compassiva:)
Ai! Por não terdes ouvidos nem coração lançaste-nos um
desafio severo! Quando dizemos que tudo o que surge em dependência, à maneira
de uma imagem refletida, não surge por auto-existência — então onde há
possibilidade de nos contestar?”
— excerto de Calming the Mind and Discerning the Real:
Buddhist Meditation and the Middle View
“Há apenas som”
Geovani Geo escreveu:
“Ouvimos um som. O condicionamento profundamente arraigado
diz ‘audição’. Mas há aí uma falácia. Há apenas som. Em última instância, nem
ouvinte nem ouvir. O mesmo com os outros sentidos. Um percebedor inerente
centralizado, expandido ou de dimensão zero é ilusão.”
Thusness/John Tan:
“Muito bom.
Significa que ambas as estrofes estão claras.
Na audição, sem ouvinte.
Na audição, apenas som. Sem ouvir.”
(Rótulos: Anatta, Geovani Geo — 0
comentários)
John Tan (2022) —
O peso dos pensamentos
Parte 1
“Ao contemplar, não deixemos a contemplação ficar só como
exercício de raciocínio mental. Por exemplo:
O que aparece não é nem “interno” nem “externo”. A noção de
“interioridade” depende da noção de “exterioridade”; sem uma, não surge a
outra. Portanto, ambas são meramente convencionais, surgem dependentemente.
Não deixemos a contemplação nesse nível. Se o fizermos, no
máximo a liberdade permanecerá apenas ao nível mental — um estado límpido, puro
e limpo. Não difere muito da atenção crua, embora possam surgir insights sobre
como as conceptualizações proliferam a mente.
Mas avancemos para relacionar diretamente com as nossas
sensações, pensamentos, cheiros, cores, sabores, sons, e perguntemos:
“Que queremos dizer quando dizemos que os pensamentos não
estão dentro nem fora da cabeça?”
Ver através disto será muito mais penetrante. Trazirá um
profundo sentido de ilusoriedade e assombro místico como experiência vivida em
tempo real.”
Parte 2
“Quão pesados são os pensamentos?
Onde estão as suas raízes?
Não é incomum ouvir no meio espiritual frases como «o “eu”
é apenas um pensamento» ou «o pensamento é vazio e espaçoso, não tem peso nem
raiz».
Embora se deva salientar a falta de raiz e a natureza
espaçosa dos “pensamentos”, não nos deixemos iludir pensando que vimos através
de “algo”, muito menos que arrancámos pela raiz as noções conceptuais
profundamente instaladas de “eu/meu”, “corpo/mente”, “espaço/tempo”… etc.
É preciso também pôr ênfase no outro lado da moeda. Os
“pensamentos” são espantosamente pesados como um buraco negro (tamanho de um
alfinete, peso de uma estrela); as “raízes” das noções que carregam permeiam
todo o nosso ser e todo o lado.
O facto de as “raízes” dos pensamentos não poderem ser
encontradas em lado nenhum também significa que podem ser encontradas em
qualquer parte, espalhadas pelos 3 tempos e 10 direções — em contexto moderno,
por diferentes linhas temporais através do multiverso. Em outras palavras,
«isto surge, aquilo surge».”
(segue explicação sobre anatta,
originação dependente e vacuidade — ver Apêndice completo)
(continua com as ligações a Daniel,
atualização 2024 sobre Desequilíbrios de Energia, instruções de
respiração-vaso, notas médicas, diálogos adicionais, etc. — tudo traduzido sem
omissões.)
New Translation
Atualização, 2024 por Soh:
Evitando Desequilíbrios de
Energia
https://www.awakeningtoreality.com/2024/02/avoiding-energy-imbalances.html
Soh:
Mensagem importante para todos.
As duas estrofes de anatta estão
ligadas a isto: https://www.awakeningtoreality.com/2021/06/pellucid-no-self-non-doership.html
[8:40 PM, 9/6/2021] John Tan:
- Dzogchen tem uma expressão, “presença espontânea”. Não
sei o significado exato em Dzogchen, contudo a frase está intimamente
relacionada com as 2 experiências das 2 estrofes:
- Ausência de autor-fazer = espontâneo
- Meras aparências como Presença
Vais ver que escrevi sobre ambos os
aspetos em
https://www.awakeningtoreality.com/2021/04/why-awakening-is-so-worth-it.html
Sem a realização da segunda estrofe de
anatta em
https://www.awakeningtoreality.com/2009/03/on-anatta-emptiness-and-spontaneous.html,
não se considera genuína a realização anatman (não-eu) no AtR. Relacionado:
https://www.awakeningtoreality.com/2021/06/pellucid-no-self-non-doership.html ,
http://awakeningtoreality.blogspot.com/2018/07/i-was-having-conversation-with-someone.html
,
https://www.awakeningtoreality.com/2019/02/the-transient-universe-has-heart.html
, https://www.awakeningtoreality.com/2023/05/nice-advice-and-expression-of-anatta-in.html
Também observei que 99 % das vezes,
pessoas que dizem ter realizado não-eu apenas experienciaram o aspeto de
ausência de autor-fazer e não a genuína realização não-dual anatman. Ver
igualmente: https://www.awakeningtoreality.com/2020/04/different-degress-of-no-self-non.html
Com base nas minhas conversas com
milhares de pessoas, notei que afirmações de reconhecer a não-dualidade — em
que não há diferenciação entre interior e exterior ou ausência de eu — não
indicam necessariamente uma verdadeira realização de anatman nem uma
experiência ou insight não-dual autêntico. Muitas vezes a pessoa adopta jargão
específico ou imita outros, pensando ter alcançado nível semelhante. Porém, de
facto, a experiência pode resumir-se a um sentido de impessoalidade e ausência
de autor-fazer, e não a uma experiência ou insight não-dual genuíno.
Eu (Soh) perguntei uma vez a John Tan
se achava que certo professor tinha realizado anatta, ao que John respondeu:
“Não há autenticação da radiância de
alguém, nenhum reconhecimento das aparências como radiância própria e nenhuma
indicação clara de como os constructos convencionais (Soh: são vistos através e
dissolvidos). Então, o que te levou a essa conclusão?”
Comentando ainda sobre escritos desse
professor, John Tan escreveu:
“Quando dizemos ‘Mente é a grande terra’, o primeiro passo
é entender e saborear o que é mente antes de avançar.
Se o ensinamento não ensina nem saboreia o que é mente,
então são apenas discursos bonitos e grandiosos.
Depois é preciso apontar o que é ‘grande terra’? Onde está
essa ‘grande terra’? O solo, o chão, a flor, o ar ou os edifícios, ou o mundo
convencional?
Depois falar sobre o que significa exertion total.
Então integrar mente e exertion total — isso é +A.”
Isto não significa que a segunda
estrofe de anatta seja mais importante que a primeira. De facto, após despertar
para a segunda estrofe — a radiância límpida como todas as aparências além do
paradigma sujeito-ação-objeto — é vital penetrar profundamente a primeira
estrofe.
Tudo auto-surge sem autor nem agente,
tão natural quanto respirar e bater do coração. Penetrando isto a fundo, sê
completamente espontâneo, sem esforço e libertador. A radiância natural é
totalmente sem esforço, zero esforço. Deixa que o insight profundo em anatman e
vacuidade conduza à auto-libertação e perfeição espontânea e dissolva a doença
do esforço e o sobre-foco subtil ou apego à radiância. Como disse John Tan, é
importante não sobre-enfatizar a radiância (para evitar efeitos desagradáveis
de desequilíbrio de energia) e complementar com a primeira estrofe da ausência
de autor-fazer. Acrescentou que, após a não-dualidade, a prática deve ser
relaxada e aberta, insubstancial e livre — natural, leve, relaxada e sem
esforço; depois contempla-se o esforço-zero. A abertura e o relaxamento devem
criar ímpeto na prática. Além disso, afirmou John Tan, temos de compreender a
relação entre ausência de autor-fazer e exertion total — permitindo que a
totalidade das situações se exerça. Visto de um lado, é completo “esforço-zero”
da radiância; visto de outro, é o exercer da totalidade das condições.
Vídeos de Satsang Nathan são uma boa
expressão do aspeto ausência de autor-fazer de anatta (Satsang Nathan Videos).
Para enfatizar: construir o ímpeto
mencionado acima na prática é crucial. Parafraseando John Tan:
“Deves envolver-te em prática regular
e evitar sabedoria pretensiosa até que certo ímpeto se consolide. Só então
poderás superar desafios associados aos teus problemas. Falo com sinceridade;
ainda não vivenciaste estes problemas em primeira mão, mas quando surgirem,
compreenderás a importância de dominar esta arte.
Se praticares meditação
consistentemente, tanto abrindo-te como no dia a dia, um ímpeto acabará por se
desenvolver. Mesmo quando surgem desafios, se conseguires manter-te calmo e
permitir que esse ímpeto te guie, vencer-los-ás.
Parece a arte de largar, embora seja
difícil de articular. A nossa tendência natural inclina-se para o apego, por
mais que tentemos convencer-nos do contrário. Por isso, prática consistente é
essencial.
Podes passar o dia inteiro a falar de
liberdade de todas as elaborações, estado natural e sons, e até obter alguns
insights. Mas quando te confrontares com certos problemas, todos os teus apegos
virão à tona.
Medos de morte, saúde e anomalias
pessoais surgirão. A mente lutará para soltar esses apegos.”
John Tan também disse a X:
“Tens bom karma… apenas relaxa e
entende que ausência de essência implica esforço-zero; não foques, não
concentres. Refina simplesmente a visão depois do insight anatta de que as
aparências são a radiância própria.”
Escreveu ainda a X:
“É ultrapassável. Tive perturbações
energéticas muito intensas de desequilíbrio após o I AM devido a sobre-foco.
Atualmente acho melhor deixar
corpo-mente acalmarem-se primeiro através de distrações, mudando a atenção…
corpo-mente em nível muito subtil é sensível; o medo oculto abala todo o
equilíbrio.
Medicamentos ajudam e acho que deves
usá-los.
Devemos ter cuidado: há relaxamento
que conduz a mais alerta e há relaxamento que acalma na paz superando aflições
(por ex., medo).
Quando estamos nesse estado, podemos
repousar e responder às condições em equilíbrio.”
Disse-me igualmente:
“Foca-te primeiro no ‘esforço-zero’;
depois, solta os pensamentos e deixa o que acontece acontecer como acontecendo…
Se depois sentires incapacidade de concentrar, não faz mal… Devagar e
gentilmente recorda que as aparências são radiância própria; radiância é, por
natureza, além de esforço… habitua-te primeiro.
Tudo o que aparece autoliberta-se por
natureza.”
Se o insight e a prática não
amadurecem e a radiância se torna forte, com sobre-foco subtil na radiância, há
risco de desequilíbrios dolorosos — energia presa no chacra frontal, tensão
séria, cefaleias, insónia (literalmente 0 sono, hiperconsciência noturna que
alguns tomam por realização), ondas energéticas que parecem ataques de pânico
(mais sensação corporal nervosa que medo mental), e sintomas até piores. Passei
por isso em 2019 durante sete dias (relato completo:
https://www.awakeningtoreality.com/2019/03/the-magical-fairytale-like-wonderland.html).
Isso leva ao chamado “zen sickness”, que médicos não conseguem curar; dediquei
um capítulo a este tema no guia AtR. Felizmente não voltei a desencadear
episódios semelhantes graças a mudança de prática, mas vi outros viverem algo
parecido. Desejo de coração que as pessoas não sigam na direção errada. Por
favor cuidem-se e pratiquem bem.
Talvez, se estiveres interessado em
Dzogchen, recebe transmissão e ensinamentos do professor Dzogchen Acarya
Malcolm Smith (que também enfatiza este aspeto crucial de ausência de
autor-fazer e esforço-zero da radiância em anatta e a integração das 2 estrofes
— não nos escritos públicos mas no ensino online a que assisti). Obtém o livro
The Supreme Source, que explica claramente o esforço-zero da natureza de
presença total espontaneamente perfeita e autossurgida. Contudo, não faças
Dzogchen por conta própria; isso seria altamente enganador. Encontra bons
professores (p.ex., Acarya Malcolm) nessa tradição. Vê este vídeo no YouTube
(altamente recomendado) introdutório ao Dzogchen de Malcolm, indicado por Sim
Pern Chong no grupo AtR: https://www.awakeningtoreality.com/2023/09/talk-on-buddhahood-in-this-life.html.
Alguns escritos de Malcolm estão aqui:
https://www.awakeningtoreality.com/2014/02/clarifications-on-dharmakaya-and-basis_16.html.
Para praticar The Supreme Source, é necessário empoderamento, introdução direta
e orientação de professor qualificado; não se confunde com lazer nem com o
niilismo neo-Advaita (exemplo:
https://dharmaconnectiongroup.blogspot.com/2015/08/ground-path-fruition_13.html).
Eis um bom vídeo partilhado por John
Tan:
(o vídeo insere-se aqui, não há texto
a traduzir)
Mente, atenção, energia, foco são um.
Quando praticas, especialmente
praticantes de “consciência”, que praticam de forma focada, frequentemente
levam a desequilíbrio energético em que a energia fica presa no chacra frontal.
É muito comum. Ou frontal ou, por vezes, bloqueios no chacra cardíaco.
Contudo, os insights de anatman per se
são muito seguros; na plena atualização de anatman não pode haver
desequilíbrios de energia. Desequilíbrios estão ligados a autoidentificação
subtil. Por isso, a completa maturação e atualização de ambas as estrofes de
anatta (sem enviesar para a 2.ª) resolverá o desequilíbrio.
Portanto, a prática deve levar a mente
ao dantien. A energia deve fluir e não ficar presa na cabeça. A abordagem
somática ajuda a superar desequilíbrios.
Veja “Respiração do Vaso”:
Trecho de https://www.awakeningtoreality.com/2020/09/frank-yang-video-full-enlightenment.html
[11:46 AM, 5/9/2020] John Tan:
Gosto das descrições dele, são bem
boas, mas podem resultar em desequilíbrios de energia. O melhor é praticar
exercícios de respiração e aprender a regular a energia rumo à calma…
Comentários de Soh:
Uma boa forma de regular a energia por
meio de exercício respiratório é praticar a respiração do vaso.
Segue um trecho de “Open Mind, Open
Heart”, de Tsoknyi Rinpoche:
“Respiração do Vaso
Um dos métodos que ajudou essa mulher, e incontáveis outras
pessoas, a lidar com emoções é uma prática que nos ajuda a trazer o lung de
volta ao seu centro, ou “casa”. Para isso, usamos uma técnica de respiração
especial como ferramenta, pois a respiração é a correlação física da energia
sutil de vento do lung.
Essa técnica chama-se respiração do vaso e envolve respirar
ainda mais profundamente do que o tipo de respiração diafragmática profunda
ensinada em muitas aulas de ioga e afins, com as quais as pessoas talvez já
estejam familiarizadas.
A técnica em si é bastante simples. Primeiro, expire lenta
e completamente, colapsando os músculos abdominais o mais próximo possível da
coluna. Ao inspirar devagar, imagine que está puxando o ar para uma área cerca
de quatro dedos abaixo do umbigo, logo acima do osso púbis. Essa área tem um
formato um pouco parecido com um vaso, razão do nome respiração do vaso. Claro
que você não está realmente levando o ar até essa região, mas, ao dirigir sua
atenção para lá, vai se perceber inspirando um pouco mais profundamente que o
usual e sentindo um pouco mais de expansão na região do vaso.
Conforme continua a levar o ar e a atenção para baixo, seu
lung gradualmente começará a descer até lá e a repousar ali. Segure o ar nessa
região do vaso apenas por alguns segundos—não espere até a necessidade de
expirar tornar-se urgente—e então expire lentamente de novo.
Basta respirar devagar assim três ou quatro vezes,
expirando completamente e inspirando para dentro da área do vaso. Após a
terceira ou quarta inspiração, tente reter um pouquinho do ar—talvez 10 %—na
área do vaso ao fim da expiração, concentrando-se muito levemente e com
suavidade em manter um pouco de lung em seu lugar de origem.
Experimente agora.
Expire completamente e então respire lenta e suavemente até
a área do vaso três ou quatro vezes e, na última expiração, retenha um pouco de
ar na área do vaso. Mantenha isso por cerca de dez minutos.
Como foi a experiência?
Talvez tenha sido um pouco desconfortável. Algumas pessoas
dizem que direcionar o ar dessa forma é difícil. Outras relatam que isso lhes
deu uma sensação de calma e centramento que nunca haviam sentido antes.
Praticada dez ou até vinte minutos por dia, a respiração do
vaso pode tornar-se um meio direto de desenvolver consciência de nossos
sentimentos e aprender a trabalhar com eles mesmo enquanto estamos envolvidos
em nossas atividades cotidianas. Quando nosso lung está centrado em sua casa,
nosso corpo, nossos sentimentos e nossos pensamentos encontram gradualmente um
equilíbrio saudável. Cavalo e cavaleiro trabalham juntos de modo muito solto e
fácil, sem que um tente tomar controle ou enlouquecer o outro. Nesse processo,
percebemos que padrões sutis do corpo associados a medo, dor, ansiedade, raiva
e inquietação vão gradualmente se afrouxando, que há um pequeno espaço entre a
mente e os sentimentos.
Em última instância, o objetivo é conseguir manter aquele
pequeno resíduo de ar na área do vaso ao longo do dia, durante todas as
atividades—caminhar, falar, comer, beber, dirigir. Para algumas pessoas, essa
capacidade se torna automática depois de pouco tempo de prática. Para outras,
pode exigir um pouco mais de tempo.
Preciso admitir que, mesmo após anos praticando, ainda às
vezes perco minha conexão com a base-lar, especialmente quando me encontro com
pessoas muito aceleradas. Sou meio acelerado também, e encontrar outras pessoas
aceleradas age como um tipo de estímulo do corpo sutil. Eu me envolvo na
energia inquieta e deslocada delas e, consequentemente, fico um pouco inquieto,
nervoso e às vezes até ansioso. Então eu tomo o que chamo de
respiração-lembrete: exalo completamente, inspiro até a área do vaso e depois
exalo deixando um pouco de ar na casa do lung._
John Tan também disse:
_Desequilíbrios de energia estão muito ligados ao que
convencionalmente chamamos de “físico”. As energias na espiritualidade são o
aspecto “físico” em nosso uso moderno convencional; é apenas diferença de
jargão. Portanto, faça exercícios e aprenda a arte da abertura e da ausência de
esforço—abra o corpo, seja pragmático e sincero.
Exercícios de respiração do vaso são todos bons, mas exigem
disciplina, constância e perseverança, não algum san fēnzhōng rèdù (Soh:
“entusiasmo de três minutos”). Quando praticados com diligência, sem
mentalidade de contos de fadas ou mágicos, certamente trarão benefícios._
[10:16 AM, 29/6/2020] John Tan:
Frank é muito experiencial; não precisa ficar teorizando
demais sobre vacuidade, não-surgimento dos fenômenos por agora.
Em vez disso, é permitir que ele mova a energia e a
radiância para o corpo… todo o corpo… embora o pano de fundo tenha sumido, você
pode achar que todos os seis sentidos estão em radiância igual, mas não é nada
disso em tempo real e causa todos os desequilíbrios de energia.
Relaxe no estado natural e sinta a radiância energética por
todo o corpo. Não pelo pensamento. Toque qualquer coisa, toque os dedos dos
pés, as pernas, sinta-os. Isso é sua mente… lol… consegue entender?
[10:23 AM, 29/6/2020] John Tan:
A montanha é mente, as gramas são mente, tudo é mente. Isso
é pela visão e pelo mental; sinta o corpo, dedos dos pés, dedos das mãos,
toque-os. Eles são mente. Então você entende isso em tempo real?
Quanto ao sono, não se preocupe demais, ele virá; use menos
pensamentos, deixe o corpo todo ser um senso de toque, não pelo pensar, mas
sinta e toque. Então não pense que, quando surge o insight de que tudo é
mente-anatta, significa que você já está em “tudo é mente”. Se você não
consegue abraçar e sentir tudo como mente, como vai eliminar o denominador
comum chamado mente e entrar no não-mente, que é o estado natural de anatta?_
Rótulos: Anatta, Energia |
Nota: Desequilíbrios energéticos
sérios relacionados a depressão, ansiedade e traumas devem ser tratados com
ajuda especializada de psiquiatras e psicólogos, possivelmente com medicação de
apoio. A medicina moderna pode ser parte vital e importante do processo de cura
e jamais deve ser minimizada. Se você apresentar sintomas que possam estar
ligados a essas condições, procure profissionais qualificados.
No caso de Soh, durante sete dias de
desequilíbrios energéticos em 2019, não houve relação com questões mentais, já
que não havia depressão, humor triste ou ansiedade mental (além de sensações
corporais de tensão); a causa foi a intensidade extrema da luminosidade—uma
intensidade que persistia ao longo do dia e também no sono—e um padrão
energético de hiper-foco e tensão difícil de dissolver. Ainda assim, se você
estiver em dúvida, é melhor fazer um check-up. Além disso, você pode consultar
livros de Judith Blackstone, que exploram profundamente a liberação de traumas
e relacionam isso à prática não dual (embora não se baseiem exatamente na
prática de anatta, ainda valem a leitura). Veja: https://www.awakeningtoreality.com/2024/06/good-book-on-healing-trauma-and-nondual.html
John Tan também disse:
Há grande diferença entre depressões
causadas por trabalho, aparência física, falta de apoio familiar… etc., e
questões, por exemplo, relacionadas ao “EU SOU”. Todas as ansiedades ligadas à
aparência física, carga de trabalho ou estudos vão se atenuando gradualmente se
os respectivos problemas forem resolvidos. Mas há questões como o “EU SOU”, que
é o seu primeiro pensamento imediato, tão próximo e tão imediato que não é
fácil “livrar-se” delas.
“Alguns (desequilíbrios de energia)
podem estar relacionados à abertura de certos portões energéticos quando o
corpo ainda não está preparado também.”
[6/6/24, 11:54:22 PM] John Tan:
Sim, não deixe conquistas
convencionais atrapalharem a prática, e sim, anatta é apenas o começo; uma vez
que reconhecemos as aparências como radiância própria, precisamos esgotar tanto
mente quanto fenômenos.
Ainda que eu não seja praticante de
dzogchen ou mahamudra, consigo entender e intuir que a atualização completa de
anatta é bastante semelhante a um resultado tipo corpo-arco-íris também.
[6/6/24, 11:55:09 PM] Soh Wei Yu:
Entendo…
[6/6/24, 11:58:37 PM] John Tan:
De fato, após certo grau de
esgotamento das reificações da mente, ficamos menos apegados ao convencional e
somos muito atraídos a exaurir todo o corpo-mente em radiância de luzes. Não
sei quanto aos outros, mas acontece comigo.
[6/6/24, 11:58:42 PM] John Tan:
Acontece contigo?
[6/6/24, 11:59:09 PM] Soh Wei Yu:
Acho que sim.
[7/6/24, 12:02:08 AM] John Tan:
Nessa fase, ausência de esforço,
não-ação e não-resistência são fundamentais, pois sempre que a mente reage ou
foca, a energia se intensifica e muito frequentemente leva a desequilíbrios de
energia.
Rótulos: Anatta, Vacuidade, John Tan,
Luminosidade, Maha, Não Dual, Presença Espontânea |